Eu e o Mundo é narrado por uma protagonista adolescente que ganha consciência tanto dos acontecimentos que a rodeiam como das suas próprias opiniões e visões acerca dos mesmos. Através de um crescimento doloroso e, muitas vezes, frustrante, a narradora vai ultrapassando obstáculos, sobretudo mentais, numa dualidade de sombra e luz.

A analisar as várias perspetivas de uma ocorrência sinistra. A esquadrinhar as origens e as causas primitivas das ações de um determinado indivíduo impaciente e prepotente. A questionar a gargalhada genuína escutada longinquamente. A justificar a meia-lua estampada no rosto de traços finos do ser que passa por mim num abrir e fechar de olhos. A obstinar em assuntos insignificantes e pendulares. A defender teimosamente uma certa posição relativamente a um tema polémico. A chorar copiosamente por perdas graves e por um passado cândido. A rir desmesuradamente por piadas sem graça alguma. A festejar energicamente vitórias mínimas. A imaginar realidades inexplicáveis. A inventar histórias inquestionáveis de personagens esculpidas à última hora. A refletir sobre os meus próprios defeitos. A viver intensamente enquanto vos observo calma e plácida. Pois o meu mundo cabe inteiramente na minha mente, somente exteriorizado quando palavras e frases corridas são escritas ao luar, na taciturnidade da noite já adiantada… (…)

Catarina D´Oliveira